SÃO PAULO (final em ditongo) – Com um pífio aproveitamento de 33,33% dos pontos disputados, o Paraguai se classificou para a final da Copa América 2011 com seu quase homônimo adversário, o Uruguai. Foram cinco empates em cinco jogos. E decidir o título com um aproveitamento desses é mérito ou é uma vergonha?
O selecionado guarani se classificou como 3º colocado do Grupo B, o mesmo do Brasil, com um 0x0 (Equador), um 2×2 (Brasil) e um 3×3 (Venezuela). Aí pegou o Brasil novamente nas quartas-de-final, amarrou o jogo por 120 minutos e se classificou após os brasileiros errarem bisonhamente suas quatro cobranças de pênalti.
E o mesmo se repetiu com a Venezuela nas semifinais. A viño tinto, que segurou o Brasil jogando bem, ganhou e convenceu ante o Equador e quase impôs uma derrota ao mesmo Paraguai na fase de grupos, dessa vez não conseguiu, em mais 120 minutos, furar a defesa comandada pelo bom goleiro Justo Vilar, mais uma vez decisivo. Sem contar que a Venezuela superou a Colômbia de Falcão García, que se classificou em 1º do grupo à frente, inclusive, da Argentina.
Mas quando o melhor jogador do time é o goleiro é sinal de que algo está errado. O Paraguai tinha começado a Copa com badalação, apontando como o substituto de Cabañas – que ainda se recupera (e bem) do tiro na cabeça – o jovem atacante argentino naturalizado Lucas Barrios, que joga no atual campeão alemão Borussia Dortmund, além do inconstante-mas-eficiente Roque Santa Cruz, entre outros destaques. Mas está se provando um autêntico time paraguaio no pior sentido da expressão.
Uma equipe que tem atacantes de destaque e um meio-campo vigoroso, combinado ao famoso ferrolho na defesa (desde Arce, Gamarra, Rivarola e Chilavert), não pode se preocupar apenas em defender o tempo todo. Fez cinco gols, é verdade, mas a que custo? Empatar cinco jogos, com esse time que tem potencial para muito mais, não pode ser motivo de exaltação. Seria se o país em questão fosse a Costa Rica com seu time sub-23, aí sim. Mas é vergonhoso chegar à final capengando e torcendo para acabar nos pênaltis.
Mérito sim é da Venezuela, que a cada ano vem crescendo no continente e tem mais da metade desta seleção jogando em clubes do país. Não hesito em apontar que a viño tinto é forte candidata a amealhar uma das últimas vagas para 2014; não será surpresa se se classificar para sua primeira Copa do Mundo.
Essa Copa América está realmente uma vergonha. Não que somente Argentina e Brasil devam decidir (pela lógica), mas já que sucumbiram de maneira no mínimo estranha para os padrões das duas escolas, os finalistas deveriam mostrar um futebol superior. Só o Uruguai deu tais sinais. Acredito que a celeste olímpica fique com o título, mas não vou torcer por nenhum dos dois. Porque nenhum deles fez por merecer.