Arquivo do mês: julho 2011

Merecido ou vergonhoso?

SÃO PAULO (final em ditongo) – Com um pífio aproveitamento de 33,33% dos pontos disputados, o Paraguai se classificou para a final da Copa América 2011 com seu quase homônimo adversário, o Uruguai. Foram cinco empates em cinco jogos. E decidir o título com um aproveitamento desses é mérito ou é uma vergonha?

O selecionado guarani se classificou como 3º colocado do Grupo B, o mesmo do Brasil, com um 0x0 (Equador), um 2×2 (Brasil) e um 3×3 (Venezuela). Aí pegou o Brasil novamente nas quartas-de-final, amarrou o jogo por 120 minutos e se classificou após os brasileiros errarem bisonhamente suas quatro cobranças de pênalti.

E o mesmo se repetiu com a Venezuela nas semifinais. A viño tinto, que segurou o Brasil jogando bem, ganhou e convenceu ante o Equador e quase impôs uma derrota ao mesmo Paraguai na fase de grupos, dessa vez não conseguiu, em mais 120 minutos, furar a defesa comandada pelo bom goleiro Justo Vilar, mais uma vez decisivo. Sem contar que a Venezuela superou a Colômbia de Falcão García, que se classificou em 1º do grupo à frente, inclusive, da Argentina.

Mas quando o melhor jogador do time é o goleiro é sinal de que algo está errado. O Paraguai tinha começado a Copa com badalação, apontando como o substituto de Cabañas – que ainda se recupera (e bem) do tiro na cabeça – o jovem atacante argentino naturalizado Lucas Barrios, que joga no atual campeão alemão Borussia Dortmund, além do inconstante-mas-eficiente Roque Santa Cruz, entre outros destaques. Mas está se provando um autêntico time paraguaio no pior sentido da expressão.

Uma equipe que tem atacantes de destaque e um meio-campo vigoroso, combinado ao famoso ferrolho na defesa (desde Arce, Gamarra, Rivarola e Chilavert), não pode se preocupar apenas em defender o tempo todo. Fez cinco gols, é verdade, mas a que custo? Empatar cinco jogos, com esse time que tem potencial para muito mais, não pode ser motivo de exaltação. Seria se o país em questão fosse a Costa Rica com seu time sub-23, aí sim. Mas é vergonhoso chegar à final capengando e torcendo para acabar nos pênaltis.

Mérito sim é da Venezuela, que a cada ano vem crescendo no continente e tem mais da metade desta seleção jogando em clubes do país. Não hesito em apontar que a viño tinto é forte candidata a amealhar uma das últimas vagas para 2014; não será surpresa se se classificar para sua primeira Copa do Mundo.

Essa Copa América está realmente uma vergonha. Não que somente Argentina e Brasil devam decidir (pela lógica), mas já que sucumbiram de maneira no mínimo estranha para os padrões das duas escolas, os finalistas deveriam mostrar um futebol superior. Só o Uruguai deu tais sinais. Acredito que a celeste olímpica fique com o título, mas não vou torcer por nenhum dos dois. Porque nenhum deles fez por merecer.

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Amarelou

SÃO PAULO (tá ruim pra todo mundo) – Novamente a soberba do selecionado masculino deixou os torcedores a ver navios. Ou pior, a ver foguetes em órbita. Pois foi quase isso que aconteceu com as bolas mal-chutadas pelos jogadores do Brasil na Copa América, ironicamente, no melhor jogo que o time fez nesse torneio.

Culpa do gramado ruim? Também. Mas perder quatro pênaltis é algo nunca visto antes na história do país pentacampeão, e isso é culpa exclusiva dos jogadores. Porque o gramado estava éssimo também para os paraguaios, mas estes acertaram suas cobranças. O próprio goleiro Júlio César (que teve uns lapsos nessa competição) havia dito que se o time fosse para uma decisão em cobranças de penalidades, seria complicado. Fato é que o Brasil alugou o campo do Paraguai e criou várias chances de marcar, encurralando o selecionado guarani. Só que desperdiçar quatro cobranças é demais.

Falta de controle emocional, de humildade e uma soberba sem tamanho culminaram numa vergonhosa derrota nos pênaltis para o Paragai, time limitado, mas guerreiro, que suportou pelo menos 25 minutos de pressão em seu campo de defesa e contou com uma noite inspirada de seu goleiro Justo Villar. Elano e André Santos jogaram na arquibancada duas cobranças, que quase saíram do estádio. Thiago Silva “telegrafou” o canto para o goleiro e Fred, que tanto reclamou da reserva, perdeu bisonhamente sua chance. Pato tentou, mas não escapou da marcação. Neymar até agora não se achou em campo. Ganso tele pequenos lampejos, mas não produziu o que sabe. As maiores esperanças da equipe ficaram aquém do esperado. Se for esse time para 2014, é bom preparar a paciência.

O sinal amarelo acendeu no time de Mano Menezes, que levou os jogadores pedidos pelo povão mas não conseguiu extrair deles o melhor. A CBF e seu mandatário obscuro já disse que sustentam o treinador. Só que a continuar esse desempenho, a cabeça de Mano pode rolar, como já ouço falar. Sou contra. Mano deve continuar, o trabalho está no começo e o “padrão de jogo” teve um esboço visível nessa partida. Só precisa de apoio e mais energia. E a cabeça de alguns jogadores também pode ser guilhotinadas (o que é mais fácil), caso de Jadson, apenas razoável para estar entre os melhores futebolistas da república das bananas.

 Mas o que não vai desaparecer é esse nariz empinado. Após o jogo ninguém quis falar, o inverso de quando venceram a fraca equipe do Equador por 4 a 2 (e ainda sofreram com o ataque adversário). A atitude de não assumir a culpa e tentar sair por cima reflete a do mafioso que caga para a mídia, que desdenha das CPIs e ri de quem tenta ser honesto. Essa tranquilidade exacerbada na hora de partir para a o cobrança incomodou demais. Elano, que pouco erra, caminhou quase com desdém do goleiro, olhando de cima, e assim continou olhando, visto que sua cobrança subia sem parar… O que podemos tirar de lição nesta eliminação é que a soberba é inimiga da vitória.

Como diz Muricy Ramalho e outras tantas figuras ligadas ao esporte bretão, “a bola pune”. E puniu o Brasil. Enquanto não se mudar essa atitude do comando e dos jogadores, o time nacional continuará perdendo adeptos.

Já há algum tempo que eu me flagro vendo gols da seleção sem comemorar, apenas constatando o fato. O time não representa a paixão do brasileiro. Os atletas também já não representam mais seus clubes, logo não podem representar uma nação que torce. Talvez apenas o Lúcio tenha um pouco de fibra com a amarelinha. É pouco.

O alerta está ligado para a máquina de dinheiro da CBF. Mesmo com toda a grana que corre para os cofres administrados pelo cappo Teixeira, sem apoio popular não se sobrevive. Seleção, como o verbete define, é o ato ou efeito de escolher ou selecionar; escolha feita a partir de critérios e objetivos bem definidos. A base sim, já foi achada, mas falta algo. E como otimista que sou, ainda acredito numa mudança para melhor com essa derrota. Pra frente, Brasil. Salve a Seleção!

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“Amor, tira essa câmera daí!”

SÃO PAULO (“tá em modo de espera”) – O sorocabano Átila Abreu, piloto da equipe AMG na Stock Car, que é capitaneada pelo multicampeão Ingo Hoffmann, postou no YouTube e no Facebook um vídeo onde ele leva sua namorada, a apresentadora Renata Fan, a bordo do carro de “volta rápida” da Stock, que nada mais é que um carro promocional com um assento a mais para o passageiro. E ele dá uma judiada de leve na carona.

Como não podia deixar de ser, a moçoila se apavora com a pilotagem do amado, chegando a dar uns tapas nele. Ele lá, tranquilão, sem nem pisar muito fundo e toda hora destampando a visão de Renata, que cobria os olhos, para que ela “curtisse” o passeio. Hilário!!! E ainda tenta dar um “migué” que a luz vermelha da câmera é o “modo de espera, não está gravando”. E ele ainda tem a manha de perguntar se ela queria dar mais uma voltinha.. Quero ver o que a apresentadora vai planejar para dar o troco no piloto!

Veja:

Na hora que eu vi, me lembrei deste vídeo aqui do Riccardo Patrese, ex-piloto da Fórmula 1, que também levou sua esposa para um passeio num Honda Civic Type-R. Ela se apavora bem mais, e quando ele passa por sobre as zebras então… O mais legal é ela xingando o marido: “Riccardo, frena!!! Ma é stronzo, va’ fa’ un culo…”

Confira:

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Do verde-amarelo-azul, só deu branco!

SÃO PAULO (não somos máquinas) – Foi um final de semana de um certo “apagão” para o Brasil nos esportes. Futebol e vôlei, que sempre dão alegrias, deram uma amarga tristeza. Mas como estamos (mal) acostumados com uma certa hegemonia nessas modalidades, é complicado digerir a derrota.

A começar pelo time masculino na Copa América. Fred entrou, achou um gol no finzinho e salvou o pescoço de Mano, que começa a se complicar no comando do time da CBF. Sim, da CBF. Já não é seleção há um bom tempo. Detalhe: todo mundo criticou Dunga por não levar Ganso e Neymar para a África do Sul. Eles estão aí agora, mas não emplacaram ainda e parece que vão demorar a engrenar nessa equipe.

Fred entra no final, empata jogo e alivia o Brasil

Um empate com a Venezuela e mais um empate contra o Paraguai (sempre raçudo e com um nível que vem ascendente mesmo sem Cabañas) é qualquer nota! Como diz o Casagrande, o pessoal está querendo passar muito chantilly no bolo. Firulas só dão certo em poucos momentos e em pouquíssimos times quando estão afinados, caso do Barcelona. Na seleção espanhola, o meio time do Barça que lá joga não penteia tanto a bola como no clube. Não dá para o trio do Santos querer jogar com a camisa amarela como se joga no Santos. Daniel Alves teve um branco e permitiu a jogada da virada paraguaia. Neymar até agora passou em branco. Pato teve lampejos, bem como Ganso. Não basta. Não sei se esse selecionado chegará à final, mas está longe de merecer. Até agora não convenceu.

A imagem da derrota das meninas na Copa do Mundo feminina

Na seleção feminina, o branco apareceu quando não podia, bem no finalzinho. Claro, a seleção americana é como o Brasil no masculino: é o time que ganha quase tudo. As americanas, cheias de gana e sede de vencer, mesmo com uma jogadora a menos, nos minutos finais da prorrogação fizeram seu gol de cabeça, após um cruzamento longo para a área e a perigosa soma marcação equivocada + saída errada da goleira. Aí, nos pênaltis, mais um erro, agora do técnico. A zagueira Daiane, que havia feito um gol contra no jogo, foi escalada para bater um dos pênaltis.

A goleira Hope Solo, dos EUA

Não se pode deixar um atleta que fez gol contra cobrar pênalti. Era visível o semblante perdido e meio apavorado da menina. Aí ficou fácil para a (belíssima) goleira Hope Solo, uma das melhores do mundo, defender a cobrança. Deu branco no time, deu branco no técnico, e passamos em branco de novo na Copa do Mundo feminina. Um adendo: Marta realmente joga muita bola, mas parece que fica sozinha em campo. O resto do time está muito abaixo do nível dela, e aí uma andorinha só não faz verão.

E voltando ao vôlei, uma frase do líbero Serginho traduziu o pensamento do time: não somos máquinas! Das últimas 10 Superligas o Brasil levou 8 para casa, somando 9 títulos até agora. Mais que excelente! O que se esquece é que se tem um outro time competente do outro lado, que também luta, transpira suor e sangue e que merece ganhar. Méritos do Brasil que chegou a mais uma final, capengando, mas chegou. E guerreou em quadra. Por alguns lapsos e poucos detalhes, não conseguiu superar a forte Rússia, que foi mais time que o Brasil e mereceu cada ponto ganho.

Brasil perde para a Rússia no vôlei

O triste é que o Brasil está passando em branco nos esportes. Na Fórmula 1, nem comento o branco de Massa e Barrichello, é de dar pena.

O que resta é o futebol masculino ainda, que tem chances de avançar na competição. Para os outros, ok, lutaram e perderam de cabeça erguida, faz parte. Mas para a seleção de Mano Menezes, falta uma corzinha aí: vermelho. De vergonha na cara!

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A camisa não desce!

SÃO PAULO (longo e tenebroso inverno) – Ressuscitando este blog, venho falar de uma quase-morte no futebol: a queda do River Plate para a série B argentina. Como corintiano que sou, conheço o sofrimento de uma queda para a segundona na pele. Dói. É triste. É inacreditável. É inimaginável. E chega-se a pensar loucuras nesses momentos.

Sim, loucuras. Pelo nosso time de futebol, às vezes fazemos sandices. Porque o torcedor é apaixonado, é amoroso, é fiel, é súdito e subserviente ao seu clube do coração. O torcedor, um ser humano como todos os outros, adota seu clube como instituição mais sagrada que quase qualquer coisa nessa vida. Troca-se de profissão, de ideia, de esposa/marido, de religião e até de sexo, mas não se troca de time!

É por esse amor exacerbado que alguns “hinchas”, como são chamados os torcedores argentinos, fiéis ao River Plate (clube que, diga-se en passant, não tenho nenhum dó), sugeriram no Facebook uma loucura: mudar as cores do uniforme para que a camisa permaneça na primeira divisão, assim jogam a segundona com outra e escrevem a história como eles desejariam que fosse escrita. Mais de 7 mil já aderiram…Camiseta "enlutada" del River

A explicação beira o desespero: assim, com uma faixa preta no lugar da tradicional vermelha, não haveriam fotos, imagens ou nada que um dia provasse que o River jogou a “B”, e as gerações futuras seriam poupadas desse vexame.

E é realmente um vexame. O sistema de ascensão e queda no campeonato argentino dá-se por uma média dos últimos três campeonatos, ou seja, para ser rebaixado é preciso que o time tenha jogado mal três temporadas seguidas. E nunca o River havia sido rebaixado, o que culminou com uma pequena guerra nas ruas de Buenos Aires. Há quem diga supersticiosamente que os patrocínios brasileiros na camisa (Petrobras e Tramontina) ajudaram na queda, mas é papo para outra hora.

A sugestão, polêmica ao extremo, não deixa de ser interessante. Eu não acredito que será feito algo nesse sentido, seria radical demais e, se por um lado essa forma de protesto (em luto) pode dar certo por não mexer ainda mais na ferida aberta poupando a camisa de aparecer em registros da segundona, por outro aumenta mais a vergonha do clube por não assumir seus erros e não erguer a cabeça para sair do atoleiro da vergonha onde se enfiou.

Veja o vídeo – que arrepia – e tire suas próprias conclusões.

“Nós temos um plano, um antídoto, uma cura. Não podemos apagar o passado, porém podemos apagar o futuro. Sim, vamos fazer com que o que vem não fique na história. Que nunca passe. Que ninguém o possa ver. Como? Muito simples: deixemos a camisa na Primera. Joguemos na B Nacional com outra. Com a banda negra, que nos cruza o peito, que mostre como nos sentimos ao não estar onde devemos estar. De luto”

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