São Paulo (tudo bem…) – Atrasado de novo, mas beleza. Dá tempo de pensar mais e escrever menos. No fim, os protestos foram contidos no Bahrein, as ameaças de manifestações próximas ao circuito de Sakhir não foram deflagradas e a corrida foi tranquila. Mas foi surpreedente, de novo. Quem reclamou que a Fórmula 1 seria a mesma coisa, que falta emoção, teve de dobrar a língua.
A começar com a pole position de Sebastian Vettel, a primeira dele e da Red Bull no ano. O bicampeão apareceu e mostrou o dedo de novo, o de número 1, que irrita os adversários. Na posição de honra saiu, e nela mesma chegou. Até aqui foi a melhor corrida do ano.
Vettel venceu, marcando o primeiro triunfo da Red Bull em corridas. Seu companheiro de equipe, Webber, pela quarta vez chegou em quarto lugar. E desde 1983 que quatro pilotos de equipes diferentes não venciam as quatro primeiras corridas.
O bicampeão largou na frente e foi abrindo, sendo ameaçado no terço final da prova por um surpreendente Kimi Raikkonen, que fechou na segunda posição, quase abdicando de lutar pelo primeiro posto, mas levando a Lotus a um novo patamar nesse início de temporada. Grosjean terminou mais uma corrida e, pasmem, em terceiro. A equipe de ambos agora se junta à Mercedes nas postulantes a roubar a cena. O francês largou bem e tomou a posição de Webber, e depois a de Lewis Hamilton, num rendimento impressionante no começo. Mas logo depois, Kimi passou e começou a abrir terreno, com pneus macios que lhe davam meio segundo a menos que Vettel, colando no alemão.
A Red Bull ainda não tem carro para lutar sempre por vitórias, mas o incômodo da McLaren é um sinal que a temporada europeia promete. Erros nos boxes custaram a corrida para os ingleses, que tiveram um dia para ser esquecido. Button abandonou depois de ter um pneu furado e se arrastar até desistir e Hamilton foi apenas o oitavo, com todas as suas três paradas sendo arruinadas pela equipe, que não conseguiu fixar os pneus direito, fazendo Lewis perder várias posições.
A Ferrari começou bem com Massa, mas como o carro não ajuda, após atacar Kimi, foi perdendo rendimento. Mesmo assim fez sua melhor corrida até agora, sempre perto do companheiro de equipe, finalizando em nono, marcando seus primeiros pontos e saindo do incômodo zero. Até foi elogiado por Alonso, sétimo na prova do deserto e mais discreto dessa vez. Importantíssimo para a escuderia acumular o maior número de pontos possível enquanto não estreiam um pacote novo.
O outro brasileiro, Bruno Senna, fez uma largada espetacular, mas sofreu com os freios da Williams desde a primeira parada e abandonou depois de ficar apenas brigando por posições intermediárias. Maldonado abandonou no meio da corrida, pífio. Os pneus da Williams viraram chiclete em Sakhir.
As Force India, depois de serem boicotadas no sábado pela TV por desistirem do segundo treino de sexta, tiveram destaque na televisão na corrida. Ainda mais porque Paul di Resta chegou a liderar algumas voltas entre as paradas, terminando em sexto (largou em 10º) com uma bela estratégia de parar só duas vezes. Já Hulk não aproveitou o bom momento e sofreu com pneus no final, soi só o 12º.
Já as Toro Rosso, que fizeram uma bela classificação com Ricciardo em sexto, sucumbiram à sua fraqueza. Daniel acabou atrás de Vergne. As Sauber mais uma vez foram fogo de palha. Mito não mitificou nada e Pérez brigou apenas lá no meio da turma. Espera-se que melhorem na Europa também. O resto foi normal, como sempre. Pelo menos a turma de trás conseguiu completar a prova, mas continuam sendo chicanes ambulantes.
O interessante é que, se na China foram três motores Mercedes no pódio, agora foram três Renault. Foram quatro líderes diferentes até agora, quatro vencedores e entre os quatro primeiros, os mais regulares foram Hamilton, Webber e Alonso, que pontuaram em todas as corridas. Quem é conhecido como o mais regular, um gentleman das pistas, está tendo um azar danado até agora. Button seria o líder se não tivesse um pneu furado e uns erros da equipe.
O pulo do gato até agora é a regularidade. Webber está ali, quietinho, sem fazer alarde, e é o terceiro com 46. Vettel assumiu a ponta com a vitória e soma 53 pontos. Hamilton e Button intercalam as posições (49 e 43) e logo atrás vêm Alonso (43), Rosberg (35), Kimi (34), Grosjean (23), Sergio (22) e Di Resta (15), fechando o top-10. Senna é 11º com 14 pontos.
A briga será boa na próxima prova, na Espanha. Os sete primeiros devem vir babando pela vitória e a temporada só esquenta. Mas realmente, o mais legal foi ver o moleque aprontando de novo. Saca só os chifrinhos no Iceman…
GP do Bahrein – classificação final:
1º. Sebastian Vettel (ALE/Red Bull-Renault), 1h35min10s990 em 57 voltas
2º. Kimi Raikkonen (FIN/Lotus-Renault), a 3s3
3º. Romain Grosjean (FRA/Lotus-Renault), a 10s1
4º. Mark Webber (AUS/Red Bull-Renault), a 38s7
5º. Nico Rosberg (ALE/Mercedes), a 55s4
6º. Paul di Resta (ESC/Force India-Mercedes), a 57s5
7º. Fernando Alonso (ESP/Ferrari), a 57s8
8º. Lewis Hamilton (ING/McLaren-Mercedes), a 58s9
9º. Felipe Massa (BRA/Ferrari), a 1min04s9
10º. Michael Schumacher (ALE/Mercedes), a 1min11s4
11º. Sergio Pérez (MEX/Sauber-Ferrari), a 1min12s7
12º. Nico Hulkenberg (ALE/Force India-Mercedes), a 1min16s5
13º. Kamui Kobayashi (JAP/Sauber-Ferrari), a 1min30s3
14º. Jean-Éric Vergne (FRA/Toro Rosso-Ferrari), a 1min33s7
15º. Daniel Ricciardo (AUS/Toro Rosso-Ferrari), a 1 volta
16º. Vitaly Petrov (RUS/Caterham-Renault), a 1 volta
17º. Heikki Kovalainen (FIN/Caterham-Renault), a 1 volta
18º. Jenson Button (ING/McLaren-Mercedes), abandonou a 2 voltas
19º. Timo Glock (ALE/Marussia-Cosworth), a 2 voltas
20º. Pedro de la Rosa (ESP/HRT-Cosworth), a 2 voltas
21º. Narain Karthikeyan (IND/HRT-Cosworth), a 2 voltas
Abandonaram:
Bruno Senna (BRA/Williams-Renault), a 3 voltas
Pastor Maldonado (VEN/Williams-Renault), a 32 voltas
Charles Pic (FRA/Marussia-Cosworth), a 33 voltas